quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Não seio ler..."




Atiro a primeira pedra!
Nego a outra face.
Olho por olho, dente por dente.
não perdôo setenta vezes sete.
Nem acredito em ninguém,
com mais de trinta...
Acordo tarde, não madrugo!
De grão em grão, sinto fome.
Tenho pressa e inimigos.
e tantas pedras no sapato.
Eu tenho sede de quê?
Não sei dançar balé,
"não seio ler"...
Mamei até os seis,
mas minha mãe morreu,
antes de eu fazer oito.
Tenho doze, e dezenas,
centenas... De marcas,
de picos, pancadas, facadas,
quedas, tiros, porradas.
Sou suceptível a cicatrizes!
sou um alvo fácil...
Estou com sono e cansado.
Meu tempo é curto!
E isso é tudo que sei
de mim.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Uma água que cai, e escorre...




A chuva chora lá fora,
geme seu mantra frio,
molha tudo em volta...
eu, envolta em lençóis,
chovo por dentro também.
Canto meu mantra úmido,
ávido, cético, púrpuro.
Canto meu mantra bárbaro.
A chuva chora, não para!
Maltrata tetos de zinco,
pétalas de rosas cálidas,
a chuva não cala...
Agora sussurra pálida,
respinga lama, dejetos...
Parece cansada, vencida.
Respira, retorna, forte!
canta seu mantra crescente.
A chuva chora, grita, uiva.
Sem controle, obsessiva!
A chuva não cala, não pára!
Escorre abundante, frenética.
Eu, envolta em lençóis...
Chovo baixinho, com medo.
Choro uma chuva gelada.
Gemo meu mantra, obsoleto.
Eu e a chuva fria...
Somos uma coisa
só!

domingo, 10 de maio de 2009

A borboleta lilás que queria me beijar...


Pintei de cor de rosa
as asas da borboleta azul
ela ficou tão feliz, tão lilás!
Queria até me beijar...
Eu também queria, mas não deixei!
Puro medo de me apaixonar.
A borboleta lilás e feliz
bateu as asas e voou pra longe,
pra um país bem distante,
onde é comum beijar borboletas...
Mas lá não existe tintas,
nem pincéis...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A menina do deserto e o baton vermelho


A menina vivia no deserto,
eu estava apenas de passagem.
Eu só queria silêncio, paisagem...
ela queria algo, alguma coisa,
qualquer coisa, de mim.
Eu tinha um batom vermelho!
Nunca mais vou esquecer
aquele sorriso de boca pintada,
flutuando pelas dunas perdidas
de Jaizalmer...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Catando estrelas por aí...


Era sábado de manhã, eu catava estrelas na esquina,
tinha um monte delas escorrendo pelos meus dedos
e eu com medo de não achar uma caixinha para guarda-las.
me lembrei de quando era menina e guardava meus sonhos
em caixinhas de fósforos, junto com vagalumes mortos...
Eu acreditava que um dia eles iriam ressuscitar.
Os sonhos, e os vagalumes!