quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Uma deusa em Andalucía


É uma deusa, uma musa, uma diva,
uma dádiva divina e bela,
parecendo uma aquarela.
Deitada na relva...
Em meio as folhas sêcas,
amareladas do outono,
de uma tarde fria em Andalucía.
É uma fada, amostrada...
pousando em meus olhos saudosos,
é um anjo de porcelana branca,
posando pra foto, pra posteridade...
Atiçando minha saudade.
Jogando em cima de mim uma torrente,
de lembranças, de minutos contados...
Me inundando de amor e ansiedade.
É uma jóia rara, iluminando o dia,
em Andalucía...

domingo, 19 de outubro de 2008

Não sei o que digo...



Não sei mesmo, o que dizer nessa hora.
Você me diz que vai embora...
Não sei se falo, ou se me calo,
não sei se acredito, ou se não.
Não sei se acho mesmo que você se vai.
para sempre! Sem volta! Sem mais nem menos!
Ou se é pura bobagem de momento.
Não sei se tudo que vivemos foi em vão...
Não sei se são só palavras a ermo.
perdidas na escuridão, da nossa falta de tempo.
Não sei de mais nada. Nunca soube, talvez!
Nosso amor com arroz de leite,
se estragou na geladeira quebrada.
Nossa cumplicidade abstrata,
escorregou pelo ralo da pia
Nosso dia à dia se perdeu,
junto com os papéis da energia.
Nossas contas atrazadas,
nunca mais serão pagas.
Não dividiremos mais nada.
Nem beijos, sorvetes, chicletes...
Nem travesseiros, nem sonhos.
Nem estradas!

Livre que te quero...


Te amo e te quero livre. Livre também de mim.
Dos meus temores e humores e hormônios...
Te quero livre, te quero anjo.
Espante todos seus demônios!
Deposite seus sapatos na entrada,
e pise descalço em meu coração,
que é teu esconderijo, tua morada.
Te quero sem amarras, sem nós, nem gravatas.
Te quero terno, limpo, alma lavada.
Camisa branca e mais nada.
Te quero fazendo amor em mim.
Num tatame, num jardim...
Num ponto qualquer do universo.
Te quero inteiro, submerso..
Em meu oceano de flúidos,
de flores brancas, suores, odores...
Te quero em minha banheira, depois.
Rendido, cansado, morto! Mas livre!
É assim que te quero, sempre!
São asas o que te ofereço...

domingo, 21 de setembro de 2008

Um minuto de negação...


Me enterro no chão feito capacho.
Não me procuro, não me acho...
Não encontro respostas, não pergunto,
não mudo de assunto, não presumo.
Sou um resumo do nada, um ato falho,
um engano. Sou desatino, destino insano.
Sou alma desencarnada, pedra sem limo,
garganta sem voz, vela sem luz,
coração sem batida, asa partida...
cruzeiro sem cruz!
Sou um fio de navalha,
um filete de sangue escorrendo,
uma bolha de sabão ao vento...
um rabisco num papel de pão,
sou um não engolido a seco,
um beco escuro e estreito,
Sou a frase esquecida da canção.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Umas e Outras...


Uma é sólida, outra é lágrima
uma é lúdica, outra é prática
uma é lânguida, outra é trágica
uma é mórbida, outra é lírica
uma é puta, outra é santa
uma é telúrica, outra é satírica
uma é barganha, outra é esmola
uma é esnobe, outra é simplória
uma é uma, outra é mil
uma é barbara, outra é bela
uma é impávida, outra é libélula
uma é efêmera, outra é eterna
uma é ferrugem, outra é anil
uma é cúmplice, outra é plácida
uma é crítica, outra é flácida
uma é frígida, outra é braza
uma é back in Bahia
outra é bye bye Brasil
uma faz de conta, outra realiza
uma quer ser feliz, outra analisa
ambas são íntegras, únicas
mágicas, místicas, voláteis,
frutíferas, drosófilas...

sábado, 19 de julho de 2008

Poeira da Ásia





Andei de tuc-tuc por Bangkok.
Acordei de madrugada,
pra ver o dia nascer em Angkor.
Desci o grande Mekong...
Tomei cerveja nos barzinhos
charmosos de Luang Prabang.
Atravessei as ruas de Hanói,
mergulhei ao por do sol,
na Baia de Halong Bay.
Perambulei...
Nas noites quentes de Saigon.
Comprei seda pura em Hoi An.
Chorei nos campos de extermínio,
do Cambodia!
Entrei pelos túneis de Cu Chi.
E vi as armadilhas primitivas,
que venceram a América.
Fiquei perplexa!
Com a mente tétrica, de Pol Pot.
Mas senti esperança, nos olhos
das crianças dali.
Comi besouros, aranhas...
Noodle and shrimp,
spring rolls, curry,
fried fish tang long...
Frequentei cooking class,
authentic Thai Food!
Fiz trilha em cima de um elefante,
(tive medo, foi foda, mas fui!)
Recebi massagem Tailandeza.
Comprei coisas, com dong, kip, baht...
Rezei nos templos, coloridos,
de Chiang Mai... Chiang Rai...
Viajei de trem, de sleep bus.
Dormi num junco Chinês,
dominei bem os palitinhos.
Me viciei em dragon fruit.
Amei de graça, o sorriso largo,
estampado na cara do Laos.
Respirei a poeira fina da Ásia!
Penetrei nas suas histórias
de guerra e paz!
Aprendi algumas coisas, talvez...
E sei que voltarei, outras vezes mais.
Kháwp khun! Cân on! Thank you!
Indochina, Obrigada!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Nem migalhas, nem, sobras...



Não quero chorar lágrimas de sangue.
Depois passar batom, na frente do espelho.
Não quero enterrar memórias vivas,
e me afundar em culpa e desespero.
Não quero certezas, nem psicanálise.
Não quero farmácia de madrugada,
nem gillete cortando minhas veias.
Não quero mais suas meias sujas,
camufladas em meus lençóis.
nem suas meias palavras, soltas a ermo.
Nem afogar no copo de vinho, minha voz.
Não quero cometer os mesmos erros,
nem quero desatar os mesmos nós.
nem pontas de cigarro no meu cinzeiro.
Não quero beijo de despedida, nem piedade,
nem quero saudade, nem sua amizade.
nem suas migalhas, nem suas sobras.
Só quero sonhos e estradas, pra seguir...
E completar meu álbum com fotografias novas.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Herança mitológica.


O que nos separa dos monstros...
Talvez a mão mais pesada
o punho fechado
o ódio mais cego
a língua afiada
os dentes cortantes
os fantasmas, insanos...
O que difere os monstros
dos seres humanos?
Ou em cada ser humano
mora um monstro?
Quem nunca cerrou os punhos...
Experimentou o gosto acre do ódio
sorveu o fel da inveja, da mentira.
Quem nunca foi cúmplice da ira...
Pega a primeira pedra e atira!
Humanos somos monstros.
Os seres que nos habitam são iguais,
mas os lenços que cobrem suas caras
são feitos de uma linha tênue
que as vezes deixa vazar
o obscuro que somos
outras vezes ressalta
todo nosso esplendor.

domingo, 20 de abril de 2008

Farol...


Quando navego por oceanos
de águas turvas, sombras, fantasmas...
as lágrimas são como uma bússola
que me guia nessa longa jornada.
Mas quando porventura
uma mão aperta a minha,
e toca meu rosto molhado,
é como se um farol
me conduzisse pela tempestade,
de volta a terra firme,
sã e salva!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

É nada não... (apenas um ar de "soberano desprezo")


Você é pra mim como uma tatuagem
de embalagem de chiclete...
quando molha a pele,
derrete!

Você pra mim é como
um pão com bromato,
lindo... mas quando aperto,
esmigalha, no ato!

Você pra mim é como novela,
quando chega no final,
se enrola completamente
tipo nó cego em corda de sisal.

Você pra mim é feito menino
aprontando reinação,
quando a gente pergunta
o que ele tá fazendo,
ele responde:
É nada, não.

quinta-feira, 20 de março de 2008

A vida pulsa...


A vida pulsa! O tempo todo, amiúde!
Pulsa na gota de sangue,
na gota de chuva, de suor...
na gota de orvalho. No orgasmo.
No zum do besouro abusado.
Na água desgovernada que desce,
nas correntezas.
No nascer e no pôr do sol.
Na réstia de luz que entra
pela fresta da janela...
nos olhos dela, alegres ou tristes!
no dedo em riste, do guarda
de trânsito, no trânsito caótico.
num grito hipnótico!
Na algazarra dos pássaros,
e dos meninos, e das meninas.
No lamento das viúvas,
que choram seus mortos.
Na fumaça da xícara de café,
na mão que faz um cafuné,
nos pés cansados dos caminhantes,
na batida triste do blues.
No coração, na garganta. No pulso!
A vida pulsa, nas flores, nas cores,
nos bares, nas noites, nos becos,
nos cheiros, nos gestos, nos rastros...
No semblante do amante apaixonado,
ou do namorado abandonado.
na leveza da bailarina, esguia.
No remanso do lago, no fado, no tango...
A vida pulsa, amiúde.
Nas coisas tão pequenas,
e tão infinitamente grandes.
Pulsa, pulsa! Sem cobrar nada.
Sem dizer nada... Nada!
Apenas, pulsa!

sábado, 1 de março de 2008

Um poema pra você...

Gostaria de ter lhe feito um poema, em vida.
Que você lesse, risse e gostasse.
Que você contasse pra todo mundo...
E que tudo de bom que eu dissesse,
ainda fosse muito pouco,
pra o tanto que voce merece.
Você merece pelo menos uma estrela,
das milhares e milhares que existem no céu.
Você merece que o vento sopre suave em seu rosto.
Você merece o gosto doce da amizade, do amor.
Você merece todo dia uma flor,
aquela que você escolher.
Você merece ver todo dia o sol nascer.
E se pôr, vermelho, atrás da serra.
Você merece tudo de bom que tem na terra,
o mar, o rio, a floresta, a cachoeira
você merece o céu como morada.
E a felicidade, sua eterna companheira.
Se fui piegas, me perdoe!
Me afague com sua mão amiga.
E me perdoe por não lhe ter feito,
como gostaria, um poema, em vida!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Laço


Te jogo um laço e te caço. Sob um olhar fugidio.
Te amarro em meus braços, te enlaço.
Feito cadela no cio.
Te abraço, te perfumo, te encho de mimo.
Te subestimo e te acaricio.
Te bato depois sopro.
Te amarro, depois solto
te sufoco, te enforco!
Depois te jogo um tarô,
te levo pro meu ofurô
te banho de ouro
até de manhã.
depois de dou um café
te faço mais um cafuné
E começo tudo de novo.

Por você...


Qualquer coisa eu faria por você.
Uma camisa amarela com três metros
de entardecer... Um samba quadrado!
Uma canção singela, um iê-iê-iê romântico.
Atravessaria o Atlântico, num barco à vela
menor que o de Amyr Klink.
Colocaria um link no meu blog
pra te visitar toda hora.
Qualquer coisa mesmo,
eu faria por você.
O domingo inteiro na frente da tv.
Até Altas horas eu veria...
Eu faria tudo! Tudo! Eu faria...
Compraria fiado na mercearia.
Passaria o dia inteiro na feira.
Descascava caranguejo...
Beberia do seu sobejo
Tomaria coca com dreher
pensando em Cuba, libre de Fidel...
Eu seria uma mulher fiel
e te acompanharia pela vida inteira.
Eu seria tua companheira, tua guerrilheira.
Eu faria tudo, tudo por você.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

sombra e luz


Paz e espada habitam em mim
a espada corta minha carne,
decepa cabeças que me espiam
a paz sopra a ferida, enxuga o sangue
enterra os corpos e chora seus mortos.
sombra e luz habitam em mim.