domingo, 13 de setembro de 2009

O fosso e o nirvana


Enquanto eu caio na fossa,
você atinge o nirvana.
Eu me contorço em versos,
você  se senta em flor de lótus.
Eu faço votos, promessas,
passo fome, esmolo...
Me enrolo em solidão,
peço perdão, me redimo.
Tenho paixão e autocompaixão,
febre, tristeza,  tenho medo!
Você sorri e toca violão.
Você é quase um saniasi,
vive no topo do himalaia.
Eu, talvez caia, mas me seguro.
Ando perdida, por aí a esmo...
Ando mesmo atirando no escuro.
Minha flecha é cega, é incerta...
Meu arco está todo quebrado.
Mas minha porta está aberta,
esperando talvez o sol entrar.
Você...  você já tem o sol em si!

sábado, 12 de setembro de 2009

Jardim insólito.


A solidão me atrai, me seduz,
me encanta, me amedronta, me vicia...
A solidão me alicia e me mata aos poucos.
Ela crava um espinho de cactus em mim.
Depois sopra uma canção e me embala,
me enrola em sua névoa cinzenta cambraia,
e em meu coração infértil e louco,
planta uma semente murcha de jasmin.
A solidão faz dele sua morada,
rega a semente murcha, todo santo dia.
Nasce em mim uma flor estranha, solitária...
Cujo aroma se assemelha a nostalgia.
A solidão com ciúmes vai embora cedo.
Eu fico aqui cuidando desse jardim insólito,
regando com lágrimas flores estranhas,
com cheiro de tristeza, piedade e medo

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A menina que vivia aqui voou...



A menina que morava aqui, em mim,
saiu pra passear, nem voltou mais.
Vestiu seu melhor vestido,
calçou seu sapato novo,
passou batom borrado nos lábios.
perfume de manga jasmin...
Se foi assim, de uma hora pra outra.
Nem se despediu, nem levou bagagem.
Não deixou nada além de saudades.
Lembranças, retratos, bugingangas...
Não fez cobranças, não pagou contas.
nem ficou me devendo nada,nada!
Nada que um dia eu possa cobra-la.
A menina que morava em mim,
apenas se cansou de tudo,
Meu mundo estava pequeno,
pra caber suas asas.