domingo, 18 de novembro de 2007

Solidão no décimo oitavo andar.


Da janela de seu apartamento,
num recém construído edificio,
desses que surgem todo dia,
sem que a gente sequer perceba.
Ela fuma seu cigarro carlton,
e canta num tom de voz agudo,
um samba de letra absurda.
E ele se faz de surdo,
na outra janela ao lado.
Ela lânguida, em camisola seda.
Ele ereto, apenas com a calça do terno.
Juraram amor eterno, numa igreja
coberta de flores. Há dez anos atrás.
Hoje nem se lembram mais.
Já nem se olham nos olhos.
Nem se chamam pelos nomes.
Sequer um gesto de afeto.
Só lhes restam as prestações,
do carro novo, do imóvel...
Eles permenecem sozinhos, ímpares.
Embora sob o mesmo teto.
Até que a morte os separe.
Porque hora após hora,
a rotina lhes deteriora.

Um comentário:

  1. A solidão tem muitas faces... As vezes se traveste de tal forma que engana qualquer um.

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