quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ela...

Ela guardava afetos assim como mágoas,
guardava as tempestades em copos d'água,
e doses alopáticas de rancores e medos.
E disfarçados guardava os seus segredos.
Ela guardava tudo bem no fundo da sua alma.
Desejos inconfessáveis, verdades enviesadas...
E uma vontade danada de não envelhecer jamais.
Ela trançava pacientemente as linhas do seu tempo,
bordava em ponto cruz suas dores matizadas, seu ais...
Tecia ladainhas, rezava seu terço de contas plásticas,
e pedia a Deus todos os dias, pra nos proteger do mal.
Ela chorava cântaros e pitangas pela  madrugada adentro,
de manhã  reclamava do vento que assanhava seus cabelos.
Pegava a vassoura e varria as folhas que caiam pelo terreiro.
Lavava a alma na pia da cozinha cantando baixinho e sozinha.
Ensaboando, ensaboando sonhos que nunca seriam realizados.
E assim, mais outro dia daquela vida que ela jamais escolhera...

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