sábado, 10 de maio de 2025

Imperfeita

Ela tenta.

 Acena  afetos que nunca aprendeu a dar.

Carrega no peito um silêncio herdado, como um fardo,

uma ausência que se esconde em seus olhos marejados.

Até soube cantar algumas canções que podiam ser de ninar, mas não soube reconhecer os choros estranhos,  os murmúrios ininteligiveis e súplicas.

Seu amor é áspero,

feito de gestos mal interpretados e palavras contidas, ou perdidas no vento. Sua maternidade é lamento. Às vezes alento, às vezes equívocos...

Fere querendo proteger e chora escondida no útero da madrugada .

Não é má, não é boa, é ferida, falha, é uma alma atônita, à toa, em busca de perdão, aceitando qualquer migalha.

Ela ama com tudo que tem, com seu jeito torto, carregando nos ombros a saudade de uma mãe que nunca conseguiu ter sido, e que talvez nunca conseguirá ser.

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